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“Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus:
tempo para nascer, e tempo para morrer; tempo para plantar, e tempo para
arrancar o que foi plantado; tempo para matar, e tempo para sarar;
tempo para demolir, e tempo para construir; tempo para chorar, e tempo
para rir; tempo para gemer, e tempo para dançar; tempo para atirar
pedras, e tempo para ajuntá-las; tempo para dar abraços, e tempo para
apartar-se. Tempo para procurar, e tempo para perder; tempo para
guardar, e tempo para jogar fora; tempo para rasgar, e tempo para
costurar; tempo para calar, e tempo para falar; tempo para amar, e tempo
para odiar; tempo para a guerra, e tempo para a paz.” (Eclesiástes 3,
1-8)
Podemos começar o nosso dia com essa Palavra de vida. Como nos custa
muitas vezes (ou sempre) sofrer as demoras de Deus, esperar com
paciência o momento que Deus está nos preparando, e que será o tempo
oportuno, o tempo exato para desfrutarmos com plenitude de suas
promessas em nossa vida.
Viver momentos de dor e permanecer firme, sentir-se humilhado e manter a
paciência, ser provado pelo fogo para encontrar seus limites e
deparar-se com a misericórdia de Deus, que se revela em sua grandeza
infinita… tudo isso encontra abrigo consolador quando olhamos para
dentro de nós e aceitamos que só podemos dar aquilo que temos em nós
mesmos e que essa verdade se estende ao outro.
Mesmo diante das experiências pelas quais já passamos, há momentos em
que nos encontramos na figura daquele passarinho dentro do ninho e no
alto da mangueira. Ainda que orientado por sua mãe de que não era seu
tempo de voar, o passarinho insistiu que já estava pronto e que podia
viver esse novo tempo.
Nessa teimosia corajosa e na ânsia de ver, sentir e fazer a vida
acontecer, como o passarinho, quantas vezes decidimos ousar e nos
colocamos a voar? Negligenciamos evidências. E, ao sairmos do ninho e
sem asas suficientemente fortes para plainar pelo ar, caímos e na queda
nos ferimos.
Procuramos inúmeras formas de consertar a nossa asa quebrada, mas não é
tão simples assim… precisamos nos render ao tempo, retornar ao ninho,
reconhecer que ainda não estamos prontos, procurar abrigo seguro e
permanecer em silêncio, em repouso, esperando que nossa cura aconteça
nos limites do nosso corpo, independente do nosso querer.
A certeza que fica é que o tempo cura tudo, mas precisamos conceder ao
tempo o próprio tempo…
Todas as nossas quedas podem ter um nome… tem a que se chama “Orgulho”,
tem a “Teimosia”, tem a “Desafio”, tem a “Burrice”, tem a “Aventura”,
tem a “Indisciplina”, tem a “Pressa”, tem a “Carência”, tem a
“Desobediência”, tem a “Curiosidade” entre tantas outras…
Mas acima dos nomes que podemos dar às nossas quedas, ao nos esvaziarmos
de nós mesmos, podemos experimentar a fortaleza de sempre sermos
capazes de encontrar uma mão estendida, chamada “Misericórdia”, filha do
“Amor” e da ”Esperança”.
Que possamos segurar nas mãos de Deus e com esperança cega naquEle que é
o único que vai ao nosso encontro no vazio de nossa alma, na lama em
que nos colocamos, no escuro de nossas certezas e conceitos, busquemos
um coração manso e humilde, que nos permita entender que há um tempo
para todas as coisas e que o tempo de Deus é para sempre.
Então, hoje, que é o dia que o Senhor reservou para cada um de nós, que
sejamos capazes de nos olhar e dizer: “É só dar tempo ao tempo,
passarinho. Deus cumpre suas promessas!”
Fonte:
http://chamadoss.blogspot.com